Essa não é minha, mas me identifiquei bastante.
Autor: NALDO VELHO
Bebi todo o meu conhaque,
fumei todos os meus cigarros,
alguns nem eram cigarros,
perambulei por toda a cidade,
amei muitas mulheres,
apesar de nem sempre
tê-lo feito certo.
Frequentei becos sombrios,
templos, terreiros, sacristias,
casas suspeitas e bares,
conversei com mendigos,
ambulantes, transeuntes,
prostitutas e meliantes,
gentes de todos os matizes,
dei gargalhadas indecentes,
enlouqueci diversas vezes,
fiz discursos incoerentes,
e nem sabia dizer o porquê!
Dobrei muitas esquinas,
injetei em meu corpo
uma boa quantidade de veneno,
sufoquei em meu peito
perdas e sentimentos,
cultivei descrenças e heresias,
e ao tropeçar num punhado
de palavras vazias,
morri a morte dos tolos.
Renasci poeta...
Até agora nem sei bem o porquê!
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