Quando se lê o título dessa publicação, logo vem a pergunta:
o que tem a ver a fábula de um homem que procura um tesouro, com a melhoria
contínua e a busca pelo conhecimento? Observa-se, porém, nessa referida fábula
a essência da MELHORIA CONTÍNUA e incorporação da maior riqueza (tesouro) que o
ser humano pode adquirir: o CONHECIMENTO.
De acordo com Davenport e Prusak
(1988, p. xv)
“a única vantagem que uma empresa tem é aquilo que ela coletivamente
sabe, a eficiência com que ela usa o que sabe e a prontidão com que ela adquire
e usa novos conhecimentos.”
Ao se substituir a palavra empresa por “ser humano”,
observa-se que o conhecimento é, sem dúvida, a grande vantagem competitiva que se
tem diante dos desafios de mercado e, como ninguém pode tirá-lo do “dono”, é um
patrimônio que será eterno. Mas para que essa riqueza aumente deve-se passar
por um processo diário de melhoria contínua (a aprendizagem contínua). Ao se
melhorar num aspecto (comportamental, intelectual ou mesmo no visual) é necessário
analisá-lo e estudá-lo, buscando aperfeiçoá-lo mais ainda. É um processo
cíclico. Quando se participa de um curso hoje, amanhã já procura-se temas mais
atuais para aumentar o tesouro e assim continuamente.
Quando se fala em melhoria contínua, não se pode
deixar de associar à grande ferramenta que é aplicada aos processos na empresa
e à própria vida pessoal/profissional (por que não?), que é o Ciclo PDCA.
O ciclo PDCA, idealizado por Walter Shewhart
(americano e conhecido como pai do controle estatístico de qualidade) e
efetivamente aplicado e popularizado no Japão após a segunda guerra por Edward
Deming (americano que a partir de 1950, ensinou aos altos executivos como
melhorar projeto, qualidade de produto, teste e vendas e fez grandes contribuições
ao Japão).
O PDCA tem
por princípio tornar mais claros e ágeis os processos envolvidos na execução da
gestão como, por exemplo, na gestão da qualidade.
Na empresa, o PDCA é aplicado principalmente nas normas de
sistemas de gestão e deve ser utilizado de forma a garantir o sucesso nos
negócios, independentemente da área ou departamento da empresa.
Na vida, pode-se aplicar o ciclo como um apoio à
análise das ações diárias, bem como, na melhoria do aprendizado do dia-a-dia.
O ciclo inicia pelo planejamento, em seguida a ação ou conjunto
de ações planejadas são executadas, checa-se se o que foi feito
estava de acordo com o planejado, constantemente e repetidamente
(ciclicamente), e toma-se uma ação corretiva para eliminar ou ao menos
mitigar defeitos no produto ou na execução. A seguir uma figura, demonstrando o
Ciclo PDCA (Campos, 1996).
Os passos são os seguintes:
Plan (planejamento): Estabelecer missão, visão, objetivos (metas),
procedimentos e processos (metodologias) necessários para se atingir os
resultados.
Do (execução): Realizar, executar as atividades.
Check (verificação): Monitorar e avaliar periodicamente os
resultados, avaliar processos e resultados, confrontando-os com o planejado,
objetivos, especificações e estado desejado, consolidando as informações,
eventualmente confeccionando relatórios.
Action (ação) : Agir de acordo com o avaliado e de acordo com os
relatórios, eventualmente determinar e confeccionar novos planos de ação, de
forma a melhorar a qualidade, eficiência e eficácia, aprimorando a execução e
corrigindo eventuais falhas.
Na fábula a seguir pode-se observar a
aplicação da melhoria contínua no processo de “busca ao tesouro”, pelo alfaiate
Enedim.
Primeiro, o foco: vir a ser
riquíssimo.
Fases do Ciclo:
P = Planejar – pode ser associado a: Enedim
tratou de examinar, sem demora, o bem que havia adquirido...
D = Executar - decifrar todas as
páginas daquele livro.
C = Checar – ver se todo seu
aprendizado serviu para aplicar em alguma ação (descobrir o tesouro).
A = Agir Corretivamente – cada vez
que checava, via que tinha que aprender mais para atingir seu foco.
E
com isso, o Enedim, atingiu (mesmo sem saber, em princípio) o que ele queria,
ficar rico. Ocupando os cargos por meio da aplicação do seu grande tesouro: o conhecimento.
Agora leiam a fábula, analisem e
estabeleçam suas próprias conclusões.
Tesouro de Bresa
Houve outrora, na
Babilônia, um pobre e modesto alfaiate chamado Enedim, homem inteligente e
trabalhador, que não perdia a esperança de vir a ser riquíssimo. Como e onde,
no entanto, encontrar um tesouro fabuloso e tornar-se, assim, rico e poderoso?
Um dia, parou na
porta de sua humilde casa um velho mercador da Fenícia, que vendia uma
infinidade de objetos extravagantes. Por curiosidade, Enedim começou a examinar
as bugigangas oferecidas, quando descobriu, entre elas, uma espécie de livro de
muitas folhas, onde se viam caracteres estranhos e desconhecidos. Era uma
preciosidade aquele livro, afirmava o mercador, e custava apenas três dinares.
Era muito dinheiro
para o pobre alfaiate, razão pela qual o mercador concordou em vender-lhe o
livro por apenas dois dinares.
Logo que ficou
sozinho, Enedim tratou de examinar, sem demora, o bem que havia adquirido. E
qual não foi sua surpresa quando conseguiu decifrar, na primeira página, a
seguinte legenda: "O segredo do tesouro de Bresa." Que tesouro seria
esse?
Enedim recordava
vagamente de já ter ouvido qualquer referência a ele, mas não se lembrava onde,
nem quando. Mais adiante decifrou: "O tesouro de Bresa, enterrado pelo
gênio do mesmo nome entre as montanhas do Harbatol, foi ali esquecido, e ali se
acha ainda, até que algum homem esforçado venha encontrá-lo.”
Muito interessado,
o esforçado tecelão dispôs-se a decifrar todas as páginas daquele livro, para
apoderar-se de tão fabuloso tesouro. Mas, as primeiras páginas eram escritas em
caracteres de vários povos, o que fez com que Enedim estudasse os hieróglifos
egípcios, a língua dos gregos, os dialetos persas e o idioma dos judeus.
Em função disso, ao
final de três anos Enedim deixava a profissão de alfaiate e passava a ser o
intérprete do rei, pois não havia na região ninguém que soubesse tantos idiomas
estrangeiros.
Passou a ganhar
muito mais e a viver em uma confortável casa.
Continuando a ler o livro,
encontrou várias páginas cheias de cálculos, números e figuras. Para entender o
que lia, estudou matemática com os calculistas da cidade e, em pouco tempo,
tornou-se grande conhecedor das transformações aritméticas. Graças aos novos
conhecimentos, calculou, desenhou e construiu uma grande ponte sobre o rio
Eufrates, o que fez com que o rei o nomeasse prefeito.
Ainda por força da
leitura do livro, Enedim estudou profundamente as leis e princípios religiosos
de seu país, sendo nomeado primeiro-ministro daquele reino, em decorrência de
seu vasto conhecimento.
Passou a viver em
suntuoso palácio e recebia visitas dos príncipes mais ricos e poderosos do
mundo.
Graças ao seu trabalho e ao seu
conhecimento, o reino progrediu rapidamente, trazendo riquezas e alegria para
todo seu povo.
No entanto, ainda
não conhecia o segredo de Bresa, apesar de ter lido e relido todas as páginas
do livro.
Certa vez, então,
teve a oportunidade de questionar um venerando sacerdote a respeito daquele
mistério, que sorrindo esclareceu:
- O tesouro de
Bresa já está em seu poder, pois graças ao livro você adquiriu grande saber,
que lhe proporcionou os invejáveis bens que possui.
Afinal, Bresa
significa "saber".
"Nós somos o que fazemos repetidamente.
Portanto, a excelência não é um ato, mas um hábito”. Aristóteles
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Fábula - Fonte: http://www.metaforas.com.br/metaforas/metaf20050129.asp
Imagens: Google imagens
Querida Carmen, Como sempre, texto enriquecedor, sem fábula.
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