“O
valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que
acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e
pessoas incomparáveis.” (Fernando Pessoa)
Nosso tempo
O passar
do tempo no amor, no querer, na paixão e no vício é formado por um ciclo de
idas e vindas, encontros e desencontros que permeia nossa vida ao longo do
relacionamento.
Esse
tempo caminhou e não percebemos, o ciclo girou a cada encontro, a cada momento,
cada beijo, cada desejo, cada prazer e cada gota. E num piscar de olhos ficaram
para trás um ano e dois anos!
Quanto
tempo levamos desejando uma pessoa? Quando a intensidade aumenta, que fazemos? Quanto
tempo ficaremos juntos? Quanto tempo aguentamos a indiferença do parceiro? Quanto
tempo passamos tentando sair de uma relação que a cada encontro se torna mais
atraente e ao mesmo tempo é tão volátil? Quanto tempo se perde na vida, perdendo tempo
com uma pessoa que não quer ter mais tempo para nós?
As
perguntas são muitas e sem respostas. Porque várias vezes queremos parar o
tempo, para que o tempo nos dê um tempo para pensar em tudo que estamos
vivendo, em todas as regras que quebramos nas máscaras que temos que colocar
para conviver com a pessoa que amamos e com a outra vida dela, no disfarce que
temos que sobrepor em cada sorriso usado para encobrir as lágrimas e a tristeza
do tempo que não temos juntos, dos minutos que ficamos aguardando uma notícia e
da distância que nos afasta.
Cada
tempo que passa, o tempo fica mais cúmplice, mais vítima de um segredo, mais
acorrentado a um desejo e marginais de uma compulsão infinita. Perdemos um
interminável tempo tentando encontrar respostas para o tempo que passamos desejando
e pensando se o outro, um dia, ficará conosco pelo resto de tempo de nossas
vidas.
O valor
das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que
acontecem. Sendo assim, mesmo que o tempo
leve a quem amamos e essa pessoa não tenham mais tempo para nós ou para fazer
um novo tempo conosco, não houve tempo perdido e vivemos momentos intensos,
porque o que durou, durou o tempo necessário para consolidar um sentimento, uma
vontade e lacrar mais ainda a nossa história.
Um
ano...dois anos e quanto mais o tempo passa, mais tempo sonhamos com o outro e
em como passamos nosso pouco tempo juntos. Querendo que, mesmo por segundos, esse
outro se lembre de nós. Tenho certeza que, quando chegarmos ao final, levará
muito tempo ou quem sabe uma vida inteira para que percamos mais tempo ainda
tentando esquecer o quanto o outro foi importante no nosso tempo.
É um
tempo de eterna espera por um sinal, um sorriso ou “alô”. Tempo que não dá
tempo de esquecer um segundo sequer do outro. Que nos submete aos caprichos,
aos vícios, à estranha forma de satisfazer o que também no satisfaz. Tempo de
pedir perdão pelo pecado, pedir a Deus um caminho ou desvio de tudo que nos
envolve. Tempo de viver o nosso tempo. Tempo (ainda!) de muito amor!
Dois
Dois anos de querer
De vício, de alegria e de suplicio.
Vinte e quatro meses de desejo
Cada vez mais intenso, calado, selado...
Segredo!
Amor no escuro da sombra,
velado na noite,
inventado a cada vinte quatro dias.
Vagabundo ...sujo...solto na rua...
Cada toque de língua que te invade
une-se à boca macia e ao momento de sonho,
aguardando teu suspiro e o clarão da lua.
Cada minuto que em mim arde
continua crescendo, viciando, dominando.
Poço sem fundo, caminho sem rumo.
Vinte quatro vezes quis negar
o desejo que só faz nos acorrentar.
É como um barco perdido no mar,
solto no tempo.
É um olhar de gato noturno...
falso, soturno.
Dias, anos, minutos, segundos que nos ligam,
entorpecem ... adormecem!
E fazem atrair, aprisionar a chama ...o tesão
que a cada vinte e quatro suspiros explode,
depois desaparece, deixando mais vazio o coração.
Trazendo a tortura da espera, a lembrança, a
lágrima...
a esperança e a dor!
É atração, é pele...é carne...é cheiro...
É sonho, cada vez mais, traduzido em amor.
Parabéns. Espero que seja um sucesso
ResponderExcluirMuito lindo e pertinente... Precisamos nos libertar do tempo. Mergulhar em cada agora, em cada hora.
ResponderExcluirO blog todo tá muito legal.