Live do dia 30 de dezembro
Assuntos como o resgate à cidadania, diminuição da violência por meio atividades culturais aos jovens, inclusão social, empreendedorismo criativo e outros, serão abordados na Live do dia 30 de dezembro no meu instagran @carmenluciacouto2016 com Josie Lopes, idealizadora da ACORDES – Associação de Arte Cultura e Organizações em Desenvolvimento em Jaboatão dos Guararapes/PE.
Existe
uma frase que, para mim, resume um dos papeis fundamentais de se implantar
atividades culturais para resgate da cidadania, que é: Em
lugar onde não há atividades culturais, a violência vira espetáculo. Isso mostra que
jovens
com opções de lazer e de cultura podem deixar de ser presas mais fáceis para crimes
e o tráfico de drogas. A ACORDES se insere nesse contexto de apoio a grupos que
precisam de orientação para uma melhoria da qualidade de vida e resgate social.
Como
colaboradora da Associação, indico a nossa conversa na Live do dia 30/12, para quem gostar do assunto ou quiser entender
sua importância. Poderá também auxiliar com comentários e sugestões no momento
da Live.
ARTE E CULTURA NA PANDEMIA
Cancelamento das atividades expôs a vulnerabilidade dos envolvidos na
produção cultural e artística
"A arte e a cultura têm uma dimensão
de produção de conhecimento intelectual e desenvolvimento da subjetividade
formando nossos sentidos e nossa consciência"
No Brasil recente, de 2016 até hoje, a cultura vem sendo alvo dos governos, 5,2 milhões
de profissionais da área cultural foram os primeiros a parar de trabalhar na
pandemia e os últimos a serem considerados numa política de auxílio de
emergência. Quando a pandemia foi declarada,
boa parte da cultura brasileira vivia já à custa de respiradores: o Ministério
da Cultura já havia sido extinto, as políticas públicas para o campo
artístico-cultural eram praticamente inexistentes, os casos de censura (e
autocensura pela sobrevivência) eram cada vez mais comuns, assim como as fake news contra os profissionais da
área.
A cultura e a arte tem um enorme potencial de construção de uma
visão crítica da realidade e de formação de consciência, numa perspectiva
humanizadora. Mesmo numa sociedade em que a indústria cultural e a visão
mercadológica da arte e da cultura são predominantes, esse potencial latente de
desnaturalização da barbárie e de construção de novos valores e sociabilidades
é considerado uma ameaça permanente e precisa ser eliminado ou reduzido ao
mínimo.
Neste cenário
desolador, a chegada da pandemia e as medidas para sua contenção, em especial a
restrição à aglomeração de pessoas, acabaram expondo e acentuando várias
dimensões da arte e da cultura que, em geral não são percebidas pela maioria
das pessoas.
Uma dessas
primeiras percepções foi a de quão presentes e necessárias são para as nossas
vidas as atividades artístico-culturais de todos os tipos e, mesmo que
permeadas pela lógica da mercadoria, elas são na sua maioria coletivas e parte
fundamental da nossa vida como seres sociais.
Por outro
lado, o cancelamento das atividades acabou em certa medida expondo a situação de
vulnerabilidade em que boa parte dos sujeitos envolvidos
na produção cultural e artística vive e evidenciando a sua condição de classe
trabalhadora, sejam artistas, agentes culturais, mestres e mestras das manifestações
das culturas populares, técnicos, costureiros, eletricistas, auxiliares, entre
outros.
A pandemia expôs e exacerbou ainda mais as desigualdades sociais no país e suas consequências no acesso a direitos fundamentais como: moradia digna, a atenção à saúde e a uma alimentação saudável, entre outros, mas também o direito à literatura, à música, às artes e esportes de uma maneira geral, seja como fruição individual, seja como motor de desenvolvimento das capacidades humanas.
Enquanto uma
parcela da população pode ficar em isolamento em suas casas e aí ocupar seu
tempo também com a leitura de livros, o aprendizado de um instrumento,
assistindo filmes e shows pela internet, outra parcela pelejou com a falta de
acesso à internet – ou falta de crédito no celular, ou com o fato de não ter
livros em casa, por exemplo. E uma outra parcela ainda, nem mesmo conseguiu
ficar em isolamento pelo fato de ter que sair para garantir o básico para
sobreviver.
Acreditamos que está colocada para nós a possibilidade de nos
reinventarmos como seres sociais, reconhecendo-nos como espécie
humana, com uma nova referência de sociedade e de valores, que tenha o cuidado
com a natureza e seus recursos em nossa prática cultural cotidiana.
O enfrentamento à Covid-19 permitiu organizar muitas formas de
solidariedade de classe, trouxe criatividade para superar o
medo e o isolamento, mostrou a arte e a cultura como esse lugar necessário de
respiro e de encontro, mesmo que virtual, e que precisam ser valorizadas e
colocadas como dimensões estratégicas nessa reconstrução.
No pós-pandemia, não se trata mais de uma escolha, mas sim de uma
necessidade, sob o risco de deixarmos de existir. Precisamos nos reinventar nos
entendermos como seres interligados, habitantes de um planeta, responsáveis
pelo rumo que tomaremos enquanto humanidade.
Guê Oliveira, historiadora, especialista em Trabalho, Educação e
Movimentos Sociais (EPSJV-Fiocruz/ ENFF), musicista e militante do MST.
Ana Manuela Chã, mestre em Desenvolvimento Territorial na América
Latina e Caribe (Unesp/ENFF) e do Coletivo de Cultura do MST.
O
artigo completo está em https://www.brasildefatomg.com.br/2020/09/30/artigo-arte-e-cultura-na-pandemia
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