(By Carmen Fonseca)
O futuro será das empresas que pensarem mais nas pessoas do que em si mesmas (Ben Van Schaik, ex-presidente da Daimler-Chrysler/Mercedes-Benz do Brasil).
...Se uma mudança
estratégica ou uma crise interferem diretamente na atuação do funcionário, a transparência, a honestidade e a ética são
fundamentais, pois, sem elas, dificilmente a empresa conseguirá o
engajamento dos seus colaboradores na busca de soluções. (Gustavo Gomes de
Matos)
A maioria das
empresas prefere resolver as crises de portas e bocas fechadas. A direção
resolve e ninguém fica sabendo.
Algumas vezes dá certo, mas, quase sempre, o resultado é medíocre e o problema
retorna pior do que antes (Gustavo Gomes de Matos).
Quem
na infância já brincou de telefone sem fio?
Pois é, o processo de
comunicação nas empresas é umas das grandes queixas dos profissionais
atualmente. Como na brincadeira do telefone sem fio, uma informação que sai de
uma ponta (emissor), quando é mal circulada, chega completamente diferente na
outra ponta (receptor). O interessante é que chega atendendo a determinados
interesses. É possível!?! Sim. Por isso os colaboradores reclamam, dizem que a
informação não circula e que a notícia raramente chega da forma real. Os “ruídos”
no caminho a tornam, muitas vezes, dolorosa para quem está recebendo e que a “rádio
peão” ou “rádio corredor”, processo informal da comunicação interna, é mais
forte do que o processo formal. Francisco Gomes de Matos diz que “a consequência
natural de uma comunicação deficiente ou ausente é o boato. Quando a
administração não oferece respostas os funcionários inventam-nas”.
Informação
empresarial, hoje, é conhecimento. E pode ser um grande diferencial de
competitividade para as empresas.
Os
atuais gestores precisam lembrar, ainda, que a comunicação não está separada
das questões éticas, porque ela exerce grande influência na formação e
manutenção dos valores, credibilidade e identidade institucional. Ter ética na
comunicação empresarial é pautá-la na verdade, procurando sempre ter respeito
aos diversos públicos de interesse da organização (stakeholders) e compromisso com a sociedade e meio ambiente. Outro fator
importante é que a comunicação não venha a atender públicos direcionados, ou
seja, comunica-se o que é “pertinente” e para determinado segmento. Grande erro.
Com isso existe o risco maior da comunicação informal prevalecer sobre a
formal. Segundo Maquiavel, em O
Príncipe: é ético o que interessa ao bem comum e não o que interessa
meramente ao príncipe.
Nas
empresas em que a comunicação circula fluentemente há o favorecimento de um bom
ambiente de trabalho e manutenção de uma clientela fiel, além de fortalecer a
imagem institucional.
Atualmente, na
chamada Era do Conhecimento, o grande desafio das empresas é incentivar a
circulação da informação e conhecimento entre os funcionários e entre as áreas
de trabalho. Segundo Gustavo Gomes de Matos, os conflitos, brigas e disputas internas, entre diretores, gerentes e
funcionários, são consequências comuns nas empresas que desconsideram a importância
do diálogo. A diversidade de pensamento contribui para o enriquecimento da
criatividade da empresa na busca de soluções e inovações. Pessoas com pontos de
vista diferentes podem trabalhar juntas e integradas por objetivos comuns. Comunicação
é vida, é emoção, é sentimento, é plenitude humana. Pessoas e empresas que
compreendem a essência dessa mensagem costumam ser bem-sucedidas em suas áreas
de atuação.
O incentivo à cultura do diálogo é muito importante, como também práticas de gestão do conhecimento que busquem a circulação da informação, que atualmente é estratégica para a empresa. Tais práticas podem ser: - projetos de Portais Corporativos; - programas de Aprendizagem Organizacional e crescimento contínuo; - sistemas de Inteligência Empresarial; - projetos de Universidades Corporativas; - implementação de Comunidades de Práticas, dentre outras.
Destacam-se também atitudes
comunicativas, tanto dos líderes como dos colegas, que podem se resumir nos
seguintes aspectos: -
estimular nas pessoas o sentimento de pertencimento; - criar um clima
que estimule os desafios e a criatividade; - cuidar da equipe e inspirar
entusiasmo; - respeitar as diferenças individuais e as diversidades culturais; - elogiar e dar feedback às pessoas; - ser flexível; e - manter o
autocontrole, lidando adequadamente com seus sentimentos e com os das outras
pessoas
O
papel da liderança
Atribui-se
a Frank
Sinatra a frase: se você não puder
dizer algo agradável, não fale, é o meu conselho. Como seria bom que alguns
líderes soubessem disso. Incrível são os que não favorecem o diálogo e quando
tentam, só fazem estressar mais o processo. São dignos de pena! Mas os funcionários sofrem as consequências. E como!
Na empresa, de
nada vale produzir um jornal, folder ou revista para os funcionários, ter um
sistema de rádio ou tv corporativa, uma intranet bem estrutura, se as
lideranças não se entendem, não se respeitam e não respeitam os colaboradores. Muitos
dos problemas organizacionais estão ligados à desvalorização do relacionamento
humano.
Não há sucesso
na implantação de práticas gerenciais se os líderes não se comprometerem e se
envolverem, ou seja, patrocinarem seu desenvolvimento em busca do sucesso de
todos. Com práticas de comunicação não é diferente. A boa comunicação tem que
fazer parte da “agenda” dos gestores. Ações que busquem a transparência e o sucesso
de um ambiente favorável à comunicação interna, dependem de lideranças
engajadas em promover e consolidar a cultura do diálogo.
A
transparência das ações, a honestidade de propósitos e a ética corporativa
trafegam pelo caminho da abertura para a comunicação. Os gerentes não estão na
posição que ocupam apenas para dar ordens, mas para OUVIR o que o funcionário
diz e procurar gerar um clima de envolvimento e motivação pelo trabalho.
Quando um
colaborador recebe uma orientação, às vezes mal redigida ou mal verbalizada e
não tem possibilidade de questionar, as consequências são ruins, tanto para o
profissional como para a empresa. A comunicação não é uma via de mão única,
deve existir, acima de tudo, o diálogo. Essa prática pode criar laços entre os
gestores e suas equipes e entre os colegas de trabalho. Afinal, todos estão em
busca de um objetivo comum.
Segundo Gustavo
Gomes de Matos, a falta do diálogo, de
abertura à conversação, de uma estimulante troca de ideias, impressões e
sentimentos são, sem dúvida alguma, o que mais prejudica o funcionamento de
organizações. Num ambiente em que
haja comunicação e diálogo, existe motivação para superar desafios e metas.
Quando existe uma relação de confiança e de entendimento entre gestor e
funcionários, uma crise pode servir para unir e motivar as pessoas a encontrar
soluções e novas ideias, capazes de transpor os mais difíceis obstáculos.
Concluindo,
uma empresa que busca ser competitiva, socialmente responsável e transparente em
seus atos, deve desenvolver a ética da comunicação plena e integral. Lembrando
sempre que o sucesso empresarial é o objetivo de todos, lideres e funcionários.
Quando
a empresa não preza por esse diálogo e pela busca da comunicação eficaz as
notícias fluem de maneira errônea, as pessoas são prejudicadas e sentem-se
desmotivadas. E quando vão à busca da informação correta não tem quem explique
ou esclareça e fica o dito pelo não dito!
Referências
-CEZAR, Carlos Henrique. Nada substitui o
diálogo. In DAMANTE, Nara e LOPES, Marcelo. Comunicação Empresarial, ano
12, n. 45, 2002.
-Artigo: Comunicação e motivação: uma
questão de relacionamento humano (Gustavo Gomes de Matos)
-Matos, Gustavo Gomes de. A
Cultura do Diálogo. Editora Campus / Elsevier
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