Compartilho mais algumas expressões interessantes da linguagem que circulam entre nós e que marcam a riqueza histórica de nossa língua.Nesse final de semana publico a sexta e penúltima parte. Expressões como: a preço de banana; sair à francesa; cavalo paraguaio; bode expiatório, chorar as pitangas e na rua da amargura, estão definidas.
Uma das principais fontes de pesquisa foi o Site do Prof Nélson Sartori que resgata os conceitos de revistas
especializadas como LÍNGUA
PORTUGUESA – Ed. SEGMENTO e AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril
31. “A preço de banana”
Portugueses criaram a expressão no
Brasil
Usamos a frase "a preço de banana"
quando encontramos um artigo com preço baixo, mas tão baixo, que nem dá vontade
de pechinchar. Essa expressão remonta ao descobrimento do Brasil: ao chegar
aqui, os portugueses encontraram bananeiras produzindo naturalmente, sem que
fosse necessário plantá-Ias.
Durante a colonização, era comum
encontrar a fruta em propriedades agrícolas e quintais, pelo simples motivo de
que as bananeiras são plantas de fácil cultivo em climas quentes e úmidos. A
abundância fez com que a fruta não atingisse altos valores comerciais, e assim
a banana virou sinônimo de produto barato. E.G. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed.
Abril)
32. “Sair à francesa”
A França detesta a expressão portuguesa
Quando alguém vai embora de fininho,
dizemos que "saiu à francesa". O único consenso a respeito da origem
da expressão é que ela já era recorrente em Portugal no fim do século 18.
Décadas depois, os especialistas decidiram que a frase era uma derivação da
palavra "franquia", um imposto sobre exportação cujo pagamento
agilizava a saída dos portos.
Uma segunda tese diz que a frase
surgiu na época em que a língua francesa era muito pouco conhecida em
Portugal. Por isso, dava no mesmo deixar uma reunião sem se despedir ou dizendo
"adieu". Os franceses é que não gostaram nada da frase. Para eles,
"sair à francesa" virou "sair à inglesa". Isso é que é
política de boa vizinhança! LÍVIA LOMBARDO. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
33. “Cavalo paraguaio”
Frase usada no futebol teve origem no
turfe
Quem é fã de futebol provavelmente já
chamou de "cavalo paraguaio" um time que começa um campeonato
vencendo as partidas, mas perde desempenho ao longo dos jogos. A expressão
nasceu no turfe, que utilizava a frase com o mesmo sentido. Ao longo do tempo,
ela se transferiu para o mundo da bola.
Mas por que paraguaio? A nacionalidade
dada aos pobres cavalos e times de futebol que decepcionam a torcida vem do
fato de nós, brasileiros, atribuirmos uma péssima fama aos produtos vindos do
Paraguai. Seriam sempre objetos falsificados, que parecem funcionar bem no
começo, mas logo apresentam problemas. L.L. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
34. “Bode expiatório”
Antigos rituais judaicos inspiraram a
expressão
Atualmente, chama-se "bode expiatório"
uma pessoa inocente sobre quem recai a culpa de algum acontecimento ou
calamidade. A origem dessa expressão está registrada na Bíblia (mais precisamente no livro Levítico, capítulo 16) e remete a um
antigo ritual da tradição judaica denominá-lo "Dia da Expiação".
Funcionava assim: os sacerdotes levavam ao templo de Jerusalém dois bodes. Por
sorteio, escolhia-se um deles para ser degolado e queimado em sacrifício ao
Senhor, o outro animal recebia todos os pecados cometidos pela comunidade. O
sacerdote colocava a mão sobre a cabeça do bicho e confessava as faltas das
pessoas. Logo depois, o bode era abandonado ao relento no deserto. Com isso, o
povo de Israel ficava purificado. LÍVIA LOMBARDO. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed.
Abril)
35. “Chorar as pitangas”
Frase é versão brasileira de um provérbio
português
Desde suas origens, essa expressão tem
o sentido de "queixar-se", "lamuriar-se". Ela surgiu no
Brasil como uma adaptação, influenciada pelos povos indígenas, de uma frase
portuguesa muito usada entre os lusitanos: "chorar lágrimas de sangue".
Na língua tupi, a palavra "pitanga"
significa "vermelho". Assim, chorar as pitangas seria o mesmo que
verter muitas lágrimas, até os olhos ficarem avermelhados. De acordo com o
folc1orista Luís da Câmara Cascudo, em seu livro Locuções Tradicionais do
Brasil, "a imagem associada impôs-se: 'chorar pitanga' pelo lusitano
'chorar lágrimas de sangue', na sugestão da cor". L.L. (AVENTURAS NA
HISTÓRIA - Ed. Abril)
36. “Na rua da amargura”
PALAVRAS QUE TÊM ORIGEM NA
AGONIA, NÃO SÓ QUANDO RELACIONADAS À MORTE
Estar na "rua da
amargura" é padecer de grande sofrimento, enfrentar dissabores na vida. A
expressão alude à caminhada de Cristo, coroado de espinhos e vergado por
pesada cruz, desde o Pretório de Pilatos - onde foi condenado - até o alto do
Calvário, onde foi crucificado. Calvário,Calvaria em latim, é Golgota aramaico. Em grego, é Kraniou Topos, a colina ou platô onde havia
uma pilha de
crânios - ou o acidente geográfico parecido com um crânio; calva é o crânio,
como você sabe.
Esse tenebroso percurso,
reverenciado pela Igreja como Via Sacra, possui 14 estações, cada uma
descrevendo uma cena da Paixão que deve merecer contrita meditação do fiel
católico.
Truculentos soldados romanos açoitando
Cristo, a terna presença de Maria, o socorro de Simão Cireneu e o alívio dado
por Maria Madalena.
Na linguagem comum, e mal comparando
com tamanho padecimento, também nós, pobres humanos, conhecemos momentos,de
aflição e so mos obrigados a cumprir trajeto áspero e doloroso. O lenitivo,
nessas jornadas, é recordar o
antigo ditado de que, as sim como não há bem que não se acabe, não há mal que
sempre dure. Márcio Cotrim. (LÍNGUA PORTUGUESA – Ed. SEGMENTO )