13. “Perder as estribeiras”
Expressão surgiu nos jogos de cavalaria
Quando uma pessoa se descontrola
ou fica momentaneamente desatinada, dizemos que ela "perdeu as
estribeiras". A origem dessa expressão está nos jogos europeus de
cavalaria dos séculos 15 a 17. Literalmente, perder as estribeiras significava
ficar sem contato com os estribos, aros que pendem de cada lado da sela do
cavalo e são utilizados como ponto de apoio para o pé do cavaleiro.
Nas antigas corridas de argolinhas,
torneios em que os cavaleiros a galope precisam atingir com a ponta de uma
lança as argolas penduradas em fios, perder as estribeiras desclassificava
automaticamente os cavaleiros do páreo. Já nas corridas de cavalos sertanejas
do Brasil, quem cometesse esse erro era zombado e tinha que pagar a bebida dos
companheiros como castigo. LÍVIA LOMBARDO. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
14. “Da pá virada”
Era assim que se falava de uma
pessoa desocupada
Atualmente, a expressão "da
pá virada" pode ser usada com vários significados bem diferentes. Ela
serve, por exemplo, para qualificar uma criança travessa e inquieta. Também se
fala assim de pessoas de má índole e que são criadoras de casos. Além disso, a
frase ainda pode servir para elogiar indivíduos corajosos e competentes.
Em sua origem, porém, essa frase tinha
um único significado. Uma pá de pedreiro virada, voltada para o solo, é um
instrumento inútil, sem nenhuma serventia. Assim, a construção verbal era
utilizada para designar indivíduos vadios, sem ocupação, que não trabalhavam
e, da mesma maneira que uma pá virada, não serviam para nada. De acordo com o
historiador Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), a expressão é brasileira, e
provavelmente surgiu no século 19. L.L. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
15.“Quebrar o galho”
Duas histórias explicam a origem da
expressão
Quando alguém nos ajuda a resolver um
problema, dizemos que essa pessoa nos "quebrou um galho". Existem
duas versões diferentes para explicar a origem desse regionalismo tão usado
no Brasil. Um dos significados da palavra galho é "conjunto de riachos que
se reúnem para formar um rio". Assim, para os viajantes, "quebrar um
galho" significa abrir um caminho em um afluente de rio para desembocar de
forma mais rápida no rio principal.
A segunda versão está ligada a Exu
Quebra-Galho, entidade da umbanda que, acredita-se, exerce forte domínio sobre
as mulheres. Exu é procurado por muitos homens para "quebrar galhos"
amorosos com trabalhos de amarração. LÌVIA LOMBARDO. (AVENTURAS NA HISTÓRIA -
Ed. Abril)
16. “De araque”
Insulto está ligado a bebida alcoólica
árabe
Uma coisa "de araque" é sem
valor ou de mentira. A origem desse insulto está em uma bebida chamada
"arak", trazida ao Brasil por imigrantes árabes de origem
não-muçulmana. Trata-se de um licor de alto teor alcoólico, que, puro, pode
chegar a 80% de álcool. Em geral, ele é diluído em água.
Por ser muito forte, o drinque é
capaz de provocar grandes bebedeiras em pessoas não acostumadas. AIcoolizadas,
elas começam a falar besteiras. Daí o surgimento da expressão pejorativa
"de araque" para se referir a algo que é tão desacreditado quanto uma
pessoa de porre. L.L. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
17. “ Olha o
passarinho”
Ave na gaiola deixava criançada imóvel
na hora da foto
Quando a fotografia foi
inventada, a impressão da imagem no filme não se dava rapidinho como hoje.
Ver a foto numa telinha digital segundos após ela ser tirada, podendo apagá-Ia
e fazer de novo se alguém piscou, tampouco passava pela cabeça dos fotógrafos.
Por isso posar era um processo bastante lento.
Na metade do século 19, os fotografados
tinham de permanecer parados por até 15 minutos a fim de que sua imagem fosse
impressa dentro da máquina. E fazer as crianças ficarem imóveis por tanto
tempo era um verdadeiro desafio. Por isso, gaiolas com pássaros ficavam
penduradas atrás dos fotógrafos e chamavam a atenção dos pequenos, tornando
mais fácil a brincadeira. Assim, a expressão "olha o passarinho"
ficou conhecida como a frase dita pelo fotógrafo na hora da pose. A.L.
(AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
18. “As paredes tem ouvidos”
Expressão se originou de um
antigo provérbio persa
Tanto ocidentais quanto orientais
concordam com a expressão que alerta para os perigos de sermos escutados sem
saber. O dito existe, nessa mesma forma, em línguas como alemão, francês e
chinês. Sua origem remonta a um antigo provérbio persa que dizia: "As
paredes têm ratos, e ratos têm ouvidos".
Um dos primeiros registros de provérbio
semelhante em inglês aparece no clássico medievalThe Canterbury
Tales, escrito
por Geoffrey Saucer entre 1387 e 1400. Saucer descreve algo como "aquele
campo tinha olhos, e a madeira tinha ouvidos" em um dos contos.
A expressão ganhou um sentido quase
literal, que pode ser testemunhado até hoje em castelos medievais e,
principalmente, palácios renascentistas. Muitos deles - como o Palácio dos
Doges, em Veneza, Itália escondem dutos e aberturas pelas paredes,
construídas na época para possibilitar a audição, em outras salas, de
encontros políticos a portas fechadas. ADRIANA LUI. (AVENTURAS NA HISTÓRIA -
Ed. Abril)
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