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4. “Mundos e fundos”
Expressão surgiu das navegações
espanholas
Quando se diz que alguém prometeu
"mundos e fundos", é porque essa pessoa fez promessas infundadas ou
exageradas. A origem da expressão remonta às navegações espanholas. Segundo uma
antiga promessa que rogava "O Céu pediu estrelas/ O peixe pediu
fundura", os aventureiros tinham uma impressão abissal do mar. Para eles,
a noção de mundo e da fundura do oceano era algo recorrente e trivial no dia a
dia - daí o termo com os dois exageros. Reafirma sobre mundo, o escritor José
Alcântara: "Boca do mundo é uma expressão típica da multidão
anônima". J. S. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
5. “Gato por lebre”
Até Camões caía nesse tipo de golpe
Levar gato por lebre é ser enganado,
levar algo sem valor acreditando ser bem mais caro. A expressão teve origem em
Portugal, onde o "churrasquinho de gato" era bem mais apreciado do
que por aqui. Os lusitanos gostavam tanto da carne do pobre bichano que, no
século 19, a caçada aos gatos para fins culinários virou moda entre os
estudantes de Coimbra.
Como a carne do felino era mais barata,
algumas estalagens de Portugal e da Espanha serviam gato como se fosse lebre.
Era uma prática tão comum que Luís de Camões, no Auto dos Enfatriões, escreveu:
"Fantasia de donzela / não há quem como eu as quebre / porque certo cuidam
elas / que com palavrinhas belas / nos vendem gato por lebre." LíVIA
LOMBARDO. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
6. “Preto no branco”
Expressão teve origem em outra, mais
antiga
Colocar o preto no branco é
registrar, por escrito, uma promessa ou acordo para que depois não se corra o
risco de ficar o dito pelo não dito. De acordo com o folclorista brasileiro
Luís da Câmara Cascudo, essa expressão teria surgido no Brasil do século 19
como substituta para uma outra, bem mais antiga, datada da segunda metade do
século 9: cum cornu et cum alvende. Cornu significava tinteiro e alvende
era o alvará, o decreto. Assim, a frase em latim faz referência a um
decreto ou documento escrito e assinado. Na versão posterior e abrasileirada da
expressão, preto significaria a tinta e branco, o papel. L.L. (AVENTURAS NA
HISTÓRIA - Ed. Abril)
7. “Ir para a cucuia”
Cemitério é uma das origens da expressão
Quando alguma coisa termina mal, dizemos
que "foi para a cucuia". Existem duas versões diferentes para
explicar a origem desta expressão. A mais aceita refere-se ao antigo cemitério
da Cacuia, localizado na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. O local foi
inaugurado em janeiro de 1904 e, desde então, "ir para a Cacuia"
tornou-se sinônimo de "bater as botas". Aos poucos, no entanto, a
expressão foi se generalizando e passou-se a utilizá-Ia também para se referir
a outras situações com finais nada felizes.
A outra explicação para o ditado vem do
tupi. Na língua indígena, kui significa cair, ir para a decadência. A
duplicação de kui teria resultado em kukui, que, por sua vez,
deu em cucuia. LÍVIA LOMBARDO. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
8. “Torcer a orelha”
Frase teve origem com a deusa da memória
"Torcer a orelha" é o mesmo que
arrepender-se, lastimar-se por não ter feito algo que poderia trazer bons
resultados. A origem da expressão remota a Mnemosine, a deusa da memória.
Segundo a mitologia, ela era a responsável por impedir o esquecimento das
pessoas - e a orelha era o órgão dedicado a essa deusa grega. Assim,
torcer as orelhas era uma forma de estimular a memória e garantir que erros
cometidos não fossem esquecidos. O gesto acabou virando um ato de autopunição. A
expressão foi registrada pela primeira vez em 1533, na obra Romagem de
Agravados, de Gil Vicente: "Nunca o nosso agravo fora, / Nem eu
torcera a orelha”. L.L. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
9. “Dar uma banana”
Gesto vulgar reflete desabafo ou ofensa
O ato de erguer o punho direito
cerrado com força, apontando o cotovelo de um jeito meio brusco, tem sido cada
vez mais preterido em favor dos pesados palavrões usados no dia a dia.
Acredita-se que a expressão "dar uma banana" não só surgiu depois,
como foi inspirada no gesto ofensivo e vulgar. O acréscimo da fruta (com
conotação fálica), no entanto, aconteceu apenas em território brasileiro. Em
Portugal, sua terra natal, o gesto é acompanhado de diferentes expressões:
"fazer as armas de santo Antônio", "manguito" ou "dar
manguito" - no país europeu, a referência às armas da Ordem Terceira de
São Francisco, em que figuravam dois braços cruzados, tem a mesma intenção de
xingamento. EDUARDO LUCENA. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
10. “Do arco da velha”
Origem da expressão está ligada ao
arco-íris
Usada para designar histórias
inacreditáveis, fora do comum, absurdas ou muito antigas e em desuso, a
expressão tem origem nas páginas do Antigo Testamento. O termo se refere ao
arco-íris que surgiu no céu após o grande dilúvio contado pela Bíblia. O
arco de sete cores simbolizava a aliança entre Deus e os homens, representados
por Noé. Mas, crítica a um acontecimento fantasioso ou distante da realidade, a
alcunha foi criada também com base em ilustrações medievais que mostravam
velhas senhoras (possivelmente bruxas) ao lado de arco-íris. O termo velha
surge, então, como uma tradução das forças adversárias da normalidade, que
aparecem ligadas à bruxaria e aos malefícios à fecundidade vegetal e animal. E.
L. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
11. “Fazer de gato-sapato”
Expressão pode ter surgido de uma
brincadeira
Quando alguém é tratado com
desprezo, dizemos que a pessoa foi feita de gato-sapato. A origem mais provável
para a alcunha está em um jogo antigo conhecido como gato-sapato. Na
brincadeira, uma criança de olhos vendados tinha de agarrar um colega. Enquanto
tentava, outras crianças batiam nela com sapatos. Daí a expressão "fazer
de gato-sapato".
Já o escritor Marcelo Duarte aponta
outra possível origem para a expressão. Segundo ele, tudo poderia ter começado
numa época em que era moda abreviar palavras. Sapato, que se escrevia com
"ç", era reduzido para "çato". Dependendo da letra de quem
escrevia ou da atenção de quem lia, "çato" poderia ser facilmente
confundido com "gato". LÌVIA LOMBARDO. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed.
Abril)
12. “Engolir sapo”
Só brasileiros "engolem" o
anfíbio
A expressão engolir sapo, usada
quando somos obrigados a tolerar coisas desagradáveis sem podermos responder, é
um regionalismo típico do Brasil. Mas por que engolir sapo e não cobra,
borboleta ou jacaré? De acordo com Luís da Câmara Cascudo, em Dicionário do
Folclore Brasileiro, o sapo é indispensável nas bruxarias. Acreditava-se
ainda que existia uma pedra na cabeça dos anfíbios eficaz nos sortilégios. Ou
seja, além de gosmento, os bichos eram associados às forças ocultas.
Há também um episódio bíblico que conta
que Deus castigou um faraó egípcio enviando um enxame de rãs, que invadiram
casas e fornos. L.L. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
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fonte:http://www.sartoriprofessores.com.br/artigos/textos/36-de-onde-vem-algumas-expressoes-populares.html
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