Continuando a divulgação das expressões populares. A cada final
de semana publico expressões mais conhecidas. Como já foi dito, a fonte principal é o site do professor Prof Nélson Sartori, que resgata os conceitos de revistas especializadas como LÍNGUA
PORTUGUESA – Ed. SEGMENTO e AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril .
Seguem mais seis expressões (quarta publicação):
19. “Dar uma canja”
Iniciais do Clube dos Amigos do
Jazz originaram o dito
Nos anos 60, o Clube dos Amigos
do Jazz, entidade brasileira formada por fãs do gênero, era conhecido pela
sigla Canja. Um dos costumes dos membros do clube era deixar seus instrumentos
à disposição. Assim, os freqüentadores do local podiam se aventurar em apresentações
de improviso. De "tocar no Canja” para "dar uma canja" foi um
pulo - e hoje todo músico que participa, de graça, de uma apresentação não
planejada está "dando uma canja.
Corre entre músicos outra história para
explicar a expressão: ela teria vindo da famosa distribuição de sopa feita
aos mais pobres aqui no Brasil. Assim como o prato era distribuído gratuitamente,
os artistas que não recebiam para subir ao palco estavam "dando uma
canja”. A.L. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
20. " Fazer o diabo a quatro”
Dizemos que fulano "fez o diabo a
quatro" numa festa, por exemplo, quando queremos dizer que ele fez algo
inacreditável ou uma grande bagunça. De acordo com Reinaldo Pimenta, autor do
livro A
Casa da Mãe Joana, que explica a origem de
palavras e expressões, esta nasceu na França (o original é fàire
le diable à quatre) durante a Idade Média.
Nas peças de teatro daquela
época, um dos personagens que sempre aparecia era o diabo. Quando o autor das
representações queria fazer algum barulho, criava papéis para um ou dois
diabos. Quando a idéia era causar espanto realmente, fazer uma verdadeira
bagunça na peça, escalava quatro diabos. "Daí o 'diabo a quatro'
significar coisas espantosas, grande confusão", escreve Pimenta. CLÁUDIA
DE CASTRO LIMA. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
21. “Estar na pindaíba”
Liso, na pior, sem um tostão furado. Estar
ou andar na pindaíba é não ter dinheiro nem para õ essencial, passar por uma
fase de grande penúria financeira.
Há pelo menos três explicações para a
origem da frase. Uma delas é do lingüista Batista Caetano, autor de Vocabulário. Segundo ele, pindaíba é uma palavra de origem tupi que significa
"vara de anzol" (pinda é anzol e iba, vara). Estar na pindaíba era dispor
apenas de uma vara para a sobrevivência.
A outra versão, também de origem tupi,
é do filólogo João Ribeiro, em A Língua Nacional:pindaíba era uma selva densa de cipós onde, às vezes, os índios
ficavam presos - ou seja, em grande dificuldade. A terceira explicação, por
fim, é de Nei Lopes, estudioso de línguas africanas. De acordo com ele, a frase
se incorporou ao português pela língua quimbundo, falada em Angola. Pindaíba
viria de uma junção de mbinda, "miséria",
e uaíba, "feia" - e
significaria estar na mais completa miséria. BRUNO COSTA. (AVENTURAS NA
HISTÓRIA - Ed. Abril)
22. “Vale quanto pesa”
Duas origens são aceitas - uma delas é
brasileira
A expressão significa dar valor a algo
por meio de seu peso e substância. "Quer dizer que você não está pagando
mais do que uma coisa de fato vale, nem um centavo a mais por grama inexistente",
afirma Reinaldo Pimenta, autor de A Casa da Mãe Joana, livro que desvenda a origem de expressões.
Há duas origens para ela. Uma remonta
a uma lei medieval de povos do norte da Europa, que determinava que o assassino
deveria pagar uma quantia em ouro ou prata à família do morto, calculada sobre
o peso do falecido. A outra versão é bem brasileira: na época do comércio de
escravos, os homens ganhavam valor proporcional à idade e ao peso,
características relacionadas à sua força. Por isso, nos mercados de escravos,
havia balanças próprias disponíveis para aferir os quilogramas da
"mercadoria”. ADRIANA LUI. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
23. “ Fazer uma vaquinha”
Expressão está relacionada ao futebol e
ao jogo do bicho
O ato de juntar algumas pessoas para coletar
um dinheirinho passou a ser conhecido como "fazer uma vaquinha' no século
20 por causa do futebol. Nas décadas de 20 e 30, quase nenhum jogador de
futebol ganhava salário - luxo só garantido aos atletas do Vasco da Gama.
Nesses tempos bicudos, muitas vezes
a própria torcida reunia-se a fim de arrecadar, entre si, um "prêmio"
para agraciar os craques. A grana era paga de acordo com o resultado obtido em
campo. Os valores dessas "bolsas" associavam-se aos números do jogo
do bicho, loteria criada nos fins do Império. Se arrecadassem 5 mil-réis, por
exemplo, chamavam o prêmio de "um cachorro", já que 5 é o número do
cachorro no jogo. Dez - mil réis eram "um coelho". Quinze mil-réis,
"um jacaré". Vinte mil, "um peru". Vinte e cinco mil, o
prêmio máximo, era chamado de "uma vaca". Nascia a expressão "fazer
uma vaquinha". A.L. (AVENTURAS NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
24. “Rodar a baiana”
Quando alguém ameaça com um
"pare com isso ou eu vou rodar a baiana", qual quer pessoa discreta
pára na hora ou, pelo menos, toma cuidado. A ameaça, na verdade, consiste em
dar um escândalo público.
Diferentemente do que possa
parecer, essa expressão não tem sua origem relacionada à Bahia, e sim ao Rio de
Janeiro. A região era palco, já no início do século 20, de famosos desfiles dos
blocos de Carnaval.
No meio desses blocos, alguns
espertinhos tascavam beliscões nas nádegas das moças que desfilavam. Para
acabar com o problema, alguns capoeiristas passaram a se fantasiar de
baianas, com direito a saia rodada e
turbante na cabeça. Assim, ao primeiro sinal de desrespeito, aplicavam um
golpe de capoeira. As pessoas que assistiam aos desfiles não entendiam nada:
só viam a baiana rodar - e começar toda a confusão.. LÍVIA LOMBARDO. (AVENTURAS
NA HISTÓRIA - Ed. Abril)
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