segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

A CULTURA NO RESGATE DA DIGNIDADE SOCIAL EM JABOATÃO DOS GUARARAPES/PE – O PAPEL DA ACORDES

 Live do dia 30 de dezembro

@carmenluciacouto2016

Assuntos como o resgate à cidadania, diminuição da violência por meio atividades culturais aos jovens, inclusão social, empreendedorismo criativo e outros, serão abordados na Live do dia 30 de dezembro no meu instagran @carmenluciacouto2016 com Josie Lopes, idealizadora da ACORDES – Associação de Arte Cultura e Organizações em Desenvolvimento em Jaboatão dos Guararapes/PE. 

Existe uma frase que, para mim, resume um dos papeis fundamentais de se implantar atividades culturais para resgate da cidadania, que é: Em lugar onde não há atividades culturais, a violência vira espetáculo. Isso mostra que jovens com opções de lazer e de cultura podem deixar de ser presas mais fáceis para crimes e o tráfico de drogas. A ACORDES se insere nesse contexto de apoio a grupos que precisam de orientação para uma melhoria da qualidade de vida e resgate social. 

Como colaboradora da Associação, indico a nossa conversa na Live do dia 30/12,  para quem gostar do assunto ou quiser entender sua importância. Poderá também auxiliar com comentários e sugestões no momento da Live.





Para um melhor entendimento da importância do tema, publico aqui alguns trechos baseados no artigo de
Ana Manuela Chã e Guê Oliveira (Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |30 de Setembro de 2020) como forma de reflexão política e, ainda, para a internalização dessa temática ARTE E A CULTURA e sua vulnerabilidade nesse ano de 2020 tão cruel. 

 ARTE E CULTURA NA PANDEMIA

Cancelamento das atividades expôs a vulnerabilidade dos envolvidos na produção cultural e artística

"A arte e a cultura têm uma dimensão de produção de conhecimento intelectual e desenvolvimento da subjetividade formando nossos sentidos e nossa consciência"

 

No Brasil recente, de 2016 até hoje, a cultura vem sendo alvo dos governos, 5,2 milhões de profissionais da área cultural foram os primeiros a parar de trabalhar na pandemia e os últimos a serem considerados numa política de auxílio de emergência.  Quando a pandemia foi declarada, boa parte da cultura brasileira vivia já à custa de respiradores: o Ministério da Cultura já havia sido extinto, as políticas públicas para o campo artístico-cultural eram praticamente inexistentes, os casos de censura (e autocensura pela sobrevivência) eram cada vez mais comuns, assim como as fake news contra os profissionais da área.

A cultura e a arte tem um enorme potencial de construção de uma visão crítica da realidade e de formação de consciência, numa perspectiva humanizadora. Mesmo numa sociedade em que a indústria cultural e a visão mercadológica da arte e da cultura são predominantes, esse potencial latente de desnaturalização da barbárie e de construção de novos valores e sociabilidades é considerado uma ameaça permanente e precisa ser eliminado ou reduzido ao mínimo.

Neste cenário desolador, a chegada da pandemia e as medidas para sua contenção, em especial a restrição à aglomeração de pessoas, acabaram expondo e acentuando várias dimensões da arte e da cultura que, em geral não são percebidas pela maioria das pessoas.

Uma dessas primeiras percepções foi a de quão presentes e necessárias são para as nossas vidas as atividades artístico-culturais de todos os tipos e, mesmo que permeadas pela lógica da mercadoria, elas são na sua maioria coletivas e parte fundamental da nossa vida como seres sociais.

Por outro lado, o cancelamento das atividades acabou em certa medida expondo a situação de vulnerabilidade em que boa parte dos sujeitos envolvidos na produção cultural e artística vive e evidenciando a sua condição de classe trabalhadora, sejam artistas, agentes culturais, mestres e mestras das manifestações das culturas populares, técnicos, costureiros, eletricistas, auxiliares, entre outros.

 A pandemia expôs e exacerbou ainda mais as desigualdades sociais no país e suas consequências no acesso a direitos fundamentais como: moradia digna, a atenção à saúde e a uma alimentação saudável, entre outros, mas também o direito à literatura, à música, às artes e esportes de uma maneira geral, seja como fruição individual, seja como motor de desenvolvimento das capacidades humanas.

Enquanto uma parcela da população pode ficar em isolamento em suas casas e aí ocupar seu tempo também com a leitura de livros, o aprendizado de um instrumento, assistindo filmes e shows pela internet, outra parcela pelejou com a falta de acesso à internet – ou falta de crédito no celular, ou com o fato de não ter livros em casa, por exemplo. E uma outra parcela ainda, nem mesmo conseguiu ficar em isolamento pelo fato de ter que sair para garantir o básico para sobreviver.

 

Acreditamos que está colocada para nós a possibilidade de nos reinventarmos como seres sociais, reconhecendo-nos como espécie humana, com uma nova referência de sociedade e de valores, que tenha o cuidado com a natureza e seus recursos em nossa prática cultural cotidiana.

 

O enfrentamento à Covid-19 permitiu organizar muitas formas de solidariedade de classe, trouxe criatividade para superar o medo e o isolamento, mostrou a arte e a cultura como esse lugar necessário de respiro e de encontro, mesmo que virtual, e que precisam ser valorizadas e colocadas como dimensões estratégicas nessa reconstrução.

No pós-pandemia,  não se trata mais de uma escolha, mas sim de uma necessidade, sob o risco de deixarmos de existir. Precisamos nos reinventar nos entendermos como seres interligados, habitantes de um planeta, responsáveis pelo rumo que tomaremos enquanto humanidade.

 

Guê Oliveira, historiadora, especialista em Trabalho, Educação e Movimentos Sociais (EPSJV-Fiocruz/ ENFF), musicista e militante do MST.

Ana Manuela Chã, mestre em Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe (Unesp/ENFF) e do Coletivo de Cultura do MST.

O artigo completo está em https://www.brasildefatomg.com.br/2020/09/30/artigo-arte-e-cultura-na-pandemia


foto:googleimagem